sexta-feira, 26 de junho de 2009

Michael Jackson - 1959 - 2009



No dia seguinte, após um longo banho, eu me pus a pensar a perda que o mundo sofre com a morte do maior ícone Pop da história da música. Michael deixa o mundo com a sensação que alguma coisa além da própria figura humana se foi. Alguma essência, talvez, da própria humanidade se esvaiu por aquele carro dos bombeiros saindo da mansão (uma delas) de L.A. E o que poderia ser? Para falar a verdade, depois do longo banho ao som de Billie Jean, não faço ideia.

Michael Jackson, como músico pop, dançarino, performer e cantor já havia se tornado obsoleto há alguns bons anos, décadas, para falar da sobriedade do meio de 2009. Seu auge, que agora parece tão próximo a nós, ocorreu há muito tempo; um tempo de ilusões e fantasias que não sobreviveu ao imediatismo da década 00. Michael é de um tempo onde os mitos se formavam, reinavam e deixavam o mundo para um local intocado e sagrado, vide como exemplos Kurt Cobain, Janis Joplin, Jim Morrison. Mas ao contrário desses, fica claro que Jackson já havia esgotado seu poder de criação e, assim como Elvis, vivia a sombra do que foi um dia. O músico-dançarino-performer-cantor tinha ficado imortalizado, como na capa de seu álbum History, quase uma lápide em homenagem àquele que foi o maior dos maiores no pop mundial.

Depois dessa “morte artística”, sobraram os escândalos, as polêmicas, os filhos, as piadas. É inevitável que uma figura tão totêmica não se torne piada após o auge. Mas diferentemente de outros artistas mais “fracos”, essas piadas e brincadeiras não diminuíram o passado glorioso dele. E isso só foi possível porque o passado glorioso já era história. É como se Michael já tivesse morrido como artista e renascido como essa figura branca, sem nariz, que pendura filhos pela janela e abusa (há quem diga que não) de crianças. A revolta (se é que houve) da opinião pública com certas atitudes de “popstar” de Michael se restringiu a essa nova pessoa que surgiu com a morte do artista. O Mito permaneceu intocado em suas danças, sua voz, seus olhares.

Mas o destino dos grandes é tão absurdo quanto as fatalidades da vida. Michael havia agendado 50 shows em Londres no que seria a sua despedida, justamente dessa fase mítica. Uma despedida tardia, já que o mito havia se formado décadas antes e no momento ele era apenas um espectro cadavérico do que foi um dia. E em sua necessidade de provar (como se ele precisasse) que merecia a coroa a ele delegada, estava ensaiando exaustivamente, ao que dizem, suas danças e cantos para encantar uma última vez o mundo com sua beleza de artista pop. Tentativa que foi interrompida por uma parada cardíaca de um ser humano que possuía doenças que não conhecemos e que fizemos questão de ignorar e satirizar (ou algum de vocês realmente acreditou que ele quis ficar branco?).

A morte do homem Michael completa um ciclo bizarro do showbizz, um artista nasce, cresce, decai, morre e morre. Alguns nascem, crescem e morrem, outros nascem cres..., morrem. Mas com ele aconteceu uma peculiaridade, como não poderia deixar de ser: Michael, nasceu, cresceu,cresceu, cresceu, tornou-se mito, decaiu e se tornou algo que não era aquela criança cantando Ben, se tornou algo que não era aquele jovem de Don´t stop ‘till you get enough, nem aquele homem mal de Thriller ou Bad. Michael se tornou alguém que poderia morrer. E morreu como grande artista, envolto em polêmicas e dúvidas.

O que resta é pensar: e daqui pra frente. Num mundo que não cultua mitos, que não cria referências eternas. Com quem vamos dançar? Em quem vamos acreditar. Não se preocupe. O verdadeiro Michael Jackson esteve e sempre estará aí. Não aquele que morreu, mas aquele de seu auge. Assim como Elvis, em breve, surgirão boatos de jogada de marketing, que tudo não passou de uma grande farsa. Porque o Michael que todos aprendemos a amar não morre. Nunca morrerá. Basta ligar o rádio em alguma FM neste exato momento e você poderá ouvi-lo dizer em alto e bom som que estará aí, que é só chamar o nome dele e aí ele estará.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Forte

aponta sua luz
indica um caminho
me mostra
eu preciso


cada traço, abraço, laço, maço, terraço,
cada amasso, descaso, cansaço,
toda a vida por um fio
nesse frio
eu ainda amo

mas dói.