sábado, 14 de abril de 2007

ESSE SIM UM RECOMEÇO... NÃO O TESTE.


E mais uma vez aqui, tentando recomeçar uma história que nunca terminou de verdade. Tentando resgatar uma pequena embarcação perdida dentro de mim. Não recordo bem há quanto tempo não escrevo, mas lembro detalhadamente de todas as minhas últimas frustradas tentativas de preencher esta folha sem linhas na tela de fósforo. E sim, foram várias tentativas... Essa inclusive, caso meu texto não chegue ao fim, como um daqueles bilhetes de informação confidencial ou testamento de espiões da CIA/KGB: “caso você esteja lendo isso, significa que algo aconteceu comigo.”
Não tão dramático como o último exemplo, esse é só um exercício de prática. Um daqueles testes que você faz antes de iniciar uma atividade. Um teste vocacional, por assim dizer. Juntando idéias que aparentemente não fazem sentido, em um tempo que não me é dado, numa vida da qual estou suprimido. Sim, estou remoendo minhas lamúrias e buscando paz em alguns segundos afastado do trabalho (afastado? Ou seria escondido...). Enfim, não importa. O puro e singelo ato de escrever já me basta para trazer satisfação plena para dois parágrafos além do que presumia resumir em malfadadas poucas linhas.
O motivo de tal espírito literato foi uma pequena matéria no jornal O Globo desta quinta feira. O Rio está novamente se tornando referencial cultural para o país. Sim, salas de teatro e cinema alternativos sendo abertas, casas de shows de pequeno, médio e grande porte inauguradas, artistas se reunindo para discussão de idéias, e está acontecendo, e eu estou assistindo a isso, ao que poderá vir a ser talvez quem sabe, nossa nova revolução cultural, a Bossa Nova dos nossos tempos, a Semana da Arte Contemporânea como a tempos, foi-se a moderna. Teatro, Cinema, Música, Artes Plásticas, Literatura fervilhando por esquinas, ruas, centros culturais, lonas culturais, espaços culturais, banquinhos de praça culturais. Tudo ultimamente, no Rio, cheira a cultura.
“Um tanto de idealismo”, alguns, como meu jovem amigo Ricardo Gameiro, diriam. Sim! Deixem-me romântico e idealista ao perceber o furor cultural da noite da Lapa, das tardes passadas entre Paço Imperial, CCBB, Museu da República e MAM, ou até mesmo das madrugadas perdidas em maratonas do Odeon ou em grandes espetáculos seja na Matriz, seja no Pão de Açúcar.
E como isso me motivou a escrever? Alem da necessidade, do gosto pelo peso do fardo, a minha distancia conceitual do fato cultural. Sinto-me tão isolado quanto vazio dessa magia renascentista, Sinto-me poluído com tanta violência, com tanto descaso, com tantos ônibus, passagens, tempo de serviço. Aqui, escondido, escrevendo no trabalho, a pergunta que me motivou a escrever ainda lateja na mente como uma pequena cigarra aguardando a hora da sinfonia: -- Como fazer parte se estou a parte?
De certa forma, esse espaço literato me mantém vivo culturalmente, e, por assim dizer, me torna parte de uma das coqueluches modernas da informação, o BLOG. Para tanto opinar, quanto informar, e acima de tudo, tentar de forma humilde, ter opinião nesse mar de opinião que é a internet e, porque não dizer, o Rio reformulado com tantas cenas independentes de tantas mídias culturais diferentes.
Bom, é isso. Parece que consegui chegar ao fim de algum escrito de forma um tanto aceitável para padrões pessoais. Daqui eu entro num trem em direção a algo que muitas vezes fiquei no meio, ou na porta. Pra quem teve paciência para ler, parabéns e obrigado. Espero estar bem mais presente que outrora. Espero fazer parte. Espero.
MAS EU POSSO ESTAR ERRADO.

Um comentário:

Anônimo disse...

Lean!
vc escreve muito bem!!!!