domingo, 15 de julho de 2007

Caminhos 
 
As cores misturadas 
Em uma aquarela desfigurada 
Minha vida caminha a passos largos, 
Para onde? 
Sinto um frio interminável 
Como se fosse tudo vazio 
Como um apartamento fechado 
Esperando um novo morador 
Para que servem as certezas 
Se você nunca as têm 
Quando está em dúvida? 
Para que serve a verdade 
Se a sua mentira conforta 
E alivia a escuridão? 
É como pegar um trem sem destino 
E tentar soltar no meio do caminho 
Caminho para onde? 
Eu era aquela tela impintável 
Que a aquarela manchou, 
Eu sou (ou fui) o passageiro 
Que se aventurou no trem da vida 
Mas estou cansado da viagem. 
O futuro é a curva, 
E a próxima curva, 
E sempre haverá outra, mais ou menos fechada! 
Então você atravessa 
E tudo vira passado, 
Tudo vira náusea numa noite de inverno 
Todos os sentidos, gostos, gestos, 
Viram ontem, ou anteontem, 
Ou nunca mais... 
O presente é angústia 
Um eterno micro-segundo 
Que fala como você 
Quando você para pra pensar 
E eu penso, e esse é o meu tormento 
Como já foi dito uma vez 
Eu poderia simplesmente 
Acordar de manhã e tomar meu café 
Mas enquanto a água negra desce pelo filtro de papel 
Alguns choques elétricos ativam meu cérebro 
Viver é como sentir o vento 
E sempre ficar gripado 
É como amar e fechar os olhos 
Ao por de Sol, 
E quando se resolve abrir 
Já é noite, e de Lua nova. 
As reflexões tristes de um cavaleiro medieval 
Ao saber que sua ira foi finalizada 
E que é hora de se aposentar. 
Sinto eu, jovem, que meu tempo se esgota 
Mas que tenho ainda muito tempo pela frente. 
E o que fazer até lá? 
Até virar a próxima curva 
E ela virar passado? 
São casos sem explicação. 
Sem lágrimas ou amarguras 
Apenas pequenas angústias 
De novos casos também sem explicação 
Foi como ir ao me quarto 
E me ver sentado, esperando... 
Deus... não sei... 
Eu sinto olhos me observando, 
Como se tudo que eu fizesse fosse errado. 
E é errado mesmo! 
Ao parar na porta, eu levanto 
E me encontro comigo mesmo 
E vejo quem, na verdade, eu esperava 
Mas fecho os olhos, e já é noite quando os abro 
E a Lua, que era nova, nem aparece. 
É me sentir voar, sem asas ou pára-quedas 
E encontrar no solo 
Metáforas de um sonho desconhecido. 
Tento alcançar as estrelas 
Mas não há nuvens para me apoiar 
Não há música 
E eu me torno só um quadro 
Mau acabado 
Abandonado no canto de uma galeria qualquer. 
 
Ass.: Lean Deaux Valent 
04/07/01 16:30 

2 comentários:

Giulia Reis disse...

=)

Anônimo disse...

Parou de escrever?
Em pensar que comecei a escrever por sua causa...
Obrigado, meu irmão...
beijão.