quarta-feira, 17 de outubro de 2007

In Rainbows – Radiohead.


Enfim sai o tão esperado sétimo cd(?) da banda de Rock(?) Radiohead(?). E sai num momento bem oportuno de sua carreira, não só pelas músicas, das quais ainda vou tratar aqui, mas também pelo marketing (tão malandramente deixado de lado na era OK Computer-Kid A) e pela revolução e alvoroço que envolveu seu lançamento.

Todos já devem estar cansados de saber que o cd(?) foi disponibilizado no site oficial da banda (www.radiohead.com) para download a preço de Casas Bahia (quer pagar quanto?!?!). E todos sabem também que só quem pagou pelo download puro e simples foram os jornalistas famosos que fazem resenha em sites especializados (e mesmo eles pagaram uma bagatela mínima só para dizer que são bonzinhos...). Eu comprei(?) o cd(?) pelo valor irrisório de 0,0 libras, o que seguiu a linha de 90% dos compradores. Muitos ainda acreditam que isso é suicídio comercial, mas em se tratando de Radiohead, que diferença faz, certo?!

Mas vamos ao disco... (na versão download, fique bem claro, porque eu ainda não tenho 40 libras para comprar a versão box com cd bonus e tal...). Esqueçam o Hail to the Thief e voltem um pouco mais no tempo. 1998 mais precisamente. Nessa data foi lançado o tal divisor de águas da música pop, o incompreedido Ok Computer, com suas nuancias, seu aprezo pela ambiência, pela musicalidade velada por arranjos cheios e melodia difusa. Não que o Rainbows seja um segundo Ok, não chega a tanto, mas para todos que vibraram com a volta das guitarras no antecessor, agora pode chorar com a voz neblinar de Thom, com as melodias ao piano do John “arvore verde”, pode pensar em arranjos até praianos(??) como é o caso de house of cards, pode se emocionar, pode pular. In Rainbows é um cd(?) do Radiohead.

Tá, vamos às novidades. Faixa a faixa por favor.

15 steps começa com uma levada que lembra um pouco Backdrifts, funkeada, talvez a que mais se pareça com o trabalho solo do Thom York. Ao fundo ficaram as guitarras, gritadas mas bem baixinhas... crianças ao fundo, vozes com efeito... experimental... caberia muito bem tanto no OK quanto no Kid A. O tempo fecha, começa a preocupar a chuva que se anuncia e busca-se uma volta para casa.

Bodysnatcher é “A” música, na minha humilde opinião, do álbum. Guitarras recheadas de fuzz, riff furioso. Parece Pearl Jam (?). A música tem cara de banda, exibindo um vigor que parecia que iria se perder entre batidas eletrônicas. Thom canta como nos tempos de The Bends. Para animar o show... Aqui desaba a chuva. O que se ouve são os pingos furiosos caindo por todos os lados.

Nude já havia sido tocada em vários shows antes do lançamento. A intro lembra algum trabalho da Bjork, com um sonzinho de vinil ao contrário como em Spining Plates porém menos fantasmagórico, até a entrada do vocal lindo de Thom e o baixo muito bem posto. Daí pra frente, piano e guitarra fazem o fundo completando a música. Uma das poucas que parecem bem finalizadas. Dá pra chorar com o vocalize do fim da música. Entrada da Florestra. A chuva diminui, mas fica mais fria. O caminho para sair dela é escuro e doloroso.

Weird Fishes/Arpeggi não deixa a dever a nenhuma das músicas do Hail, do Kid A ou do Ok (quando eu falar Kid A, entenda também Amnesiac). A Bateria, Baixo e Piano tensos no início te levam para dentro de uma mente perturbada, ou de um labirinto. Parece que se está correndo junto com Jim Carrey em sua mente sem lembranças a procura de um brilho eterno... Pode virar single, mas creio que não. No meio da música, explosão... gritos ao fundo, bateria nervosa, dá pra dançar com olhos fechados no meio da sala. Quando parece que a música vai acabar, a batida recomeça e o baixo dança entre árvores, como se estivesse entre There There e where I end and you begins. A confusão de estar perdido na floresta com a chuva.

All I need começa suave como a última citada (WIEAYB), mas logo percebe-se que é muito mais fechada. Baixo distorcido dá o clima da música. Ao sair da floresta vê-se o descampado e ao longe, a casa. Lugar onde mais venta no cd.

Faust Arp – Exit music um pouco mais rapidinha no vocal. E no violão... enfim, não é Exit Music... é uma bela melodia trançada no violão com um arranjo de violão-celo no fundo. Linda de morrer. Andando rápido, fugindo, buscando, pouco enxergando.

Reckoner tem pandeirola. Acho q isso já quer dizer muito sobre essa música. Aliais, o disco tem uma parte de percursão muito bem trabalhada. Novamente o piano dá as caras na música. Com uma guitarra traçando o caminho pelo qual a voz bem ao estilo falsete-Thom caminha. Uma parada para pensar e as vozes inundam os ouvidos. E recomeça a caminhada orquestrada até o fim. Na chuva.

Finalmente se chega a algum lugar, que não sei bem qual é. Essa é a já citada House of Cards. Uma música praiana(?) ao estilo Jack Jonhson(???) do Radiohead. Guitarrinha skazinha lenta, voz cheia de reverb, dá vontade de puxar alguém pra dançar agarradinho(???????). essa é a parada na chuva, quando se olha para o horizonte cor de chumbo e se vê um arco íris.

Jigsaw Falling Into Place começa com bateria marcada, violão com notas dissonantes, e aquela vontade incontrolável de tremelicar a cabeça como faz Thom cantando. Outra música cheia, com cara de banda. Com riffs não tão furiosos quanto da segunda música mas ainda sim assobiável. Talvez a Go to Sleep do cd. É a última corrida antes de chegar em casa na chuva.

Videotape é a mais linda, certamente do cd. Começa com o piano simbolizando gotas pingando por uma janela embaçada. Thom acorda sua bela voz junto a um fundo mágico. A bateria marca os passos, os trovões, lembra de certa forma até Los Hermanos em “De onde vem a calma” por também fechar o cd. É como estar na varanda de casa, no campo, observando a chuva. As batidas eletrônicas reaparecem no fim do cd talvez para fechar o ciclo que se abre em 15 steps. E assim acaba, solene. Só não se sabe se estavamos na chuva, ou se a chuva faz parte da gente.

Esse é In Rainbows, um disco maduro de uma banda que se mostrou madura desde que resolveu inovar. Uma viagem a um lugar mágico onde a chuva dá o tom da ambiência, onde a felicidade é relativa, onde a música é relativa, onde a venda é relativa. É ouvir e ouvir e ouvir e nunca compreender. Pois assim são os gênios, incompreendíveis. E com o Radiohead não é diferente. Enquanto eles lançam cds absurdos como esse, a gente ainda está tentando entender o que foi feito a dez anos atrás. Quem sabe daqui a dez anos, certo?!

domingo, 15 de julho de 2007

Caminhos 
 
As cores misturadas 
Em uma aquarela desfigurada 
Minha vida caminha a passos largos, 
Para onde? 
Sinto um frio interminável 
Como se fosse tudo vazio 
Como um apartamento fechado 
Esperando um novo morador 
Para que servem as certezas 
Se você nunca as têm 
Quando está em dúvida? 
Para que serve a verdade 
Se a sua mentira conforta 
E alivia a escuridão? 
É como pegar um trem sem destino 
E tentar soltar no meio do caminho 
Caminho para onde? 
Eu era aquela tela impintável 
Que a aquarela manchou, 
Eu sou (ou fui) o passageiro 
Que se aventurou no trem da vida 
Mas estou cansado da viagem. 
O futuro é a curva, 
E a próxima curva, 
E sempre haverá outra, mais ou menos fechada! 
Então você atravessa 
E tudo vira passado, 
Tudo vira náusea numa noite de inverno 
Todos os sentidos, gostos, gestos, 
Viram ontem, ou anteontem, 
Ou nunca mais... 
O presente é angústia 
Um eterno micro-segundo 
Que fala como você 
Quando você para pra pensar 
E eu penso, e esse é o meu tormento 
Como já foi dito uma vez 
Eu poderia simplesmente 
Acordar de manhã e tomar meu café 
Mas enquanto a água negra desce pelo filtro de papel 
Alguns choques elétricos ativam meu cérebro 
Viver é como sentir o vento 
E sempre ficar gripado 
É como amar e fechar os olhos 
Ao por de Sol, 
E quando se resolve abrir 
Já é noite, e de Lua nova. 
As reflexões tristes de um cavaleiro medieval 
Ao saber que sua ira foi finalizada 
E que é hora de se aposentar. 
Sinto eu, jovem, que meu tempo se esgota 
Mas que tenho ainda muito tempo pela frente. 
E o que fazer até lá? 
Até virar a próxima curva 
E ela virar passado? 
São casos sem explicação. 
Sem lágrimas ou amarguras 
Apenas pequenas angústias 
De novos casos também sem explicação 
Foi como ir ao me quarto 
E me ver sentado, esperando... 
Deus... não sei... 
Eu sinto olhos me observando, 
Como se tudo que eu fizesse fosse errado. 
E é errado mesmo! 
Ao parar na porta, eu levanto 
E me encontro comigo mesmo 
E vejo quem, na verdade, eu esperava 
Mas fecho os olhos, e já é noite quando os abro 
E a Lua, que era nova, nem aparece. 
É me sentir voar, sem asas ou pára-quedas 
E encontrar no solo 
Metáforas de um sonho desconhecido. 
Tento alcançar as estrelas 
Mas não há nuvens para me apoiar 
Não há música 
E eu me torno só um quadro 
Mau acabado 
Abandonado no canto de uma galeria qualquer. 
 
Ass.: Lean Deaux Valent 
04/07/01 16:30 

terça-feira, 10 de julho de 2007

Brasil na final da Copa América.



O torcedor brasileiro na sala, satisfeito com o resultado, vibrava a cada gol de pênaltis, gritava com os erros e torcia, como era o esperado, efusivamente pela vitória. Sim, ela veio. Mas com muito mais suor que o necessário. Um jogo onde o Brasil dominava completamente nos primeiros quinze minutos e que começou a perder quando o Uruguai começou a explorar as laterais dos campos. Não à toa, pelas laterais surgiram os dois gols do Uruguai, primeiro com Forlan e depois com El Loco Abreu. O Brasil tocava bola, girava, tentava tabelas, mas nada de extraordinário como nosso torcedor na sala esperava.

Ou não esperava. Porque desde algum tempo não se espera uma seleção extraordinária. Talvez desde 1986 não se espere uma seleção maravilhosa porque seleções maravilhosas como a de 82 perdem a copa. Assim foi até 2006 quando se esperava sim uma seleção de encher os olhos. Mas ela não veio (ou não foi) e o Brasil novamente perdeu a copa. Com isso não se vê mais a diferença entre seleção ruim e seleção não tão boa. Essa seleção que aí está apesar de chegar a final da Copa América não possui grandes méritos. Que mérito há em ganhar do Chile por 6 a 0? E que grandes feitos ganhar o Uruguai nos pênaltis? Ganho, aliais, na sorte e na omissão do juiz que deixou os goleiros avançarem até quase a linha da pequena área, como no caso do pênalti batido pelo Lugano e defendido pelo Doni (que falhou no primeiro gol do Uruguai e que não teve mérito nenhum nos pênaltis defendidos).

Posso estar sendo duro com a seleção que chegou a uma final de um torneio importante, mas é como dizer que o time do Flamengo tem condição de ser um dos quatro primeiros do campeonato Brasileiro porque ganhou o estadual em cima do melhor time brasileiro atualmente, o Botafogo. Mas em verdade, nas eliminatórias, com jogos em casa e fora, com um ano e meio de duração será difícil conseguir a classificação com esse tipo de futebol apresentado.

Até lá teremos a volta de Káka, Ronaldinho Gaúcho, do Fenômeno (esperamos) que iram se mesclar bem a essa juventude de Robinho (o único irrepreensível) e Diego. Não sabemos se eles se unirão bem a Dunga e sua mania defensiva de meio campo, esquecendo que são nas laterais que se formam as principais jogadas que causam unhas ruídas em nosso torcedor do sofá. Um Alex fora de forma, e um goleiro sem segurança que rebate qualquer bola para dentro da área, coisa que, não precisa ser o Leão para saber, não se faz. Quem sabe do futuro?

Eu sei do próximo jogo. Aliais, não sei.... Desse México tomamos 2, da argentina, de quanto perderemos jogando assim. Acho que fui duro com o Brasil sim. O time tem chances de se classificar para a copa. Chances não, aliais. O time está praticamente classificado. Porque pegar Equador, Venezuela, Chile, Uruguai não é pegar Atlético Paranaense, São Paulo, Grêmio. Ir pra copa é mais fácil que ser campeão brasileiro. Mesmo mal das pernas.

E que venha seja lá quem for.

Segura o coração torcedor da sala. A seleção do Dunga ta aí.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

O fim dos Hermanos em 4 atos.



O vento - Rodrigo Amarante


"Se a gente já não sabe mais rir um do outro, meu bem, então o que resta é chorar!"


Pois é - Marcelo Camelo


"Pois é, não deu. Deixa assim como está, sereno."


Primeiro Andar - Rodrigo Amarante


"Eu preciso andar um caminho só, vou buscar alguém que eu nem sei quem sou"


Sapato Novo - Marcelo Camelo


"(...) poderia até pensar que foi tudo sonho, ponho meu sapato novo e vou passear sozinho"

sexta-feira, 18 de maio de 2007

FMI - Futebol Musical Intercontinental


Bom, normalmente vocês me verão falando aqui sobre música, mercado fonográfico, bandas novas, e coisas do tipo. Mas hoje resolvi tratar sobre um tema engraçado que acabei percebendo ao ler um tablóide esportivo bem popular aqui no Rio de Janeiro. Pode-se dizer que foi um Lance que eu li num jornal.
O Flamengo planeja a contratação de um jovem talento que joga no Paraná Clube. Até aí morreram neves, claras e gemas. O melhor da coisa está no desenrolar da matéria que explica as dificuldades de tal contratação.

O passe do jovem talento, que possui apenas vinte e um anos, perpassa por uma negociação com o Paraná, clube onde o jogador atua, o empresário, que mantém uma parte do passe do jogador, o Coríntians, clube com o qual o jogador possui vínculos, e por último, o próprio jogador, é claro. Nesse ponto todos se perguntam: “que diabos o Lean está falando?”.

Para entender o ponto de vista temos que fazer uma pequena análise de a quantas anda o futebol nacional (senão mundial). Hoje em dia qualquer jovem promessa de talento futuro em qualquer peneira de futebol de várzea possui um empresário por trás que negocia seus passes por preços bem acima do que eles realmente valeriam para com isso, conseguir publicidade sobre o nome do jogador e, conseqüentemente, aumentar ainda mais o valor do passe do mesmo. Nesse caminho foram criados incontáveis campeonatos sub-qualquer-coisa a fim de valorizar o futebol praticado por esses garotos que ainda não estão prontos para assumir um posto nos times principais de suas respectivas equipes. Existe toda uma gama de campeonatos, desde mundiais, mundialitos, copas Américas, estaduais, tem de tudo para mostrar ao mundo como joga aquele garoto de 14 anos, aquela promessa de 16. E é justamente nesses nichos que os empresários agem, trazendo profissionalismo a uma criançada que ainda está brincando de jogar bola (e jogando muitas vezes melhor que os próprios profissionais).

Bom... daí que quando você transforma um garoto de 14 anos numa jovem promessa do futebol, há de se arcar com tal despesa para transforma-lo no talento. O empresário investe em divulgação do nome, aumenta multas rescisórias, negocia com o estrangeiro, faz o diabo a quatro para que quando esse jogador chegar aos 21 anos possua um valor muito maior que aquele que não tem preparo mercadológico nenhum. Está aí feita a tal análise.

A isso costumou-se chamar de profissionalização do futebol. Clubes virando empresa e tratando seus jogadores como seus mais importantes empregados. Contratando olhando para o mercado e não para o talento individual, investindo fortes quantias para que seus times não percam campeonatos e se perderem, para que no ano seguinte participem do maior número de campeonatos a fim de conseguir fundos para manter toda a estrutura de pé. A máquina de vencer deixou de ser algo por paixão e se tornou um negócio especulativo como ocorre na bolsa de valores, quem souber investir melhor tem mais chances.

De certa forma isso foi bom, pois hoje em dia podemos passar nossas noites de quarta e nossas tardes de domingo assistindo a futebol na televisão, sem contar aqueles que possuem pacotes pagos que podem ficar 24hs por dia vidrados nos principais lances do Brasil e do Mundo. E foi bom também para o tal jovem talento que com vinte e um anos ganha o que Garrincha, Rivelino, Mirandinha, Nunes, só para citar alguns dos grandes talentos do futebol nacional, não ganharam com suas idades (ou mesmo por toda a vida) como jogadores (não exemplificando o caso do jovem apoiador, possível contratação do Flamengo, uma vez que nem sei qual o valor de seu passe). Hoje uma jovem promessa ganha muito mais que Pelé com 18 anos consagrado campeão na copa de 58. E isso é bom para o jogador.

Porém alguém tem que perder, e quem perde, infelizmente, é o futebol dos menos favorecidos financeiramente que vê suas futuras estrelas não vingarem por conta de falta de maturidade para lidar com o tal profissionalismo precoce ou brilharem no exterior por conta de melhores oportunidades e melhores salários. A arte de jogar futebol substituída pela profissão de jogador de futebol.

O paralelo engraçado que citei no início é justamente com a música. Hoje em dia o meio musical é muito mais profissional que antes. Hoje em dia, em home studios, é possível se forjar uma banda muito boa, tal como foi feito com o Moptop. É possível se adquirir equipamentos de qualidade de forma mais simples, é possível conseguir espaços para tocar, divulgação, tudo no meio independente. Porém, de certa forma, essa profissionalização da música tirou aqueles lampejos de inspiração dignos de Hendrix ao queimar sua guitarra, ou a sujeira pobre do revolucionário Nirvana, e até mesmo toda aquela experimentação barata do Hermeto Pascoal. Quanto mais profissional a música se torna, mais é exigido dos músicos, tanto em conhecimento, quanto em equipamento, suprimindo de certa forma aqueles pequenos gênios que não dominam nenhum dos dois. A arte de compor música substituída pela profissão de músico.

Mas como vocês já devem imaginar, eu posso estar errado.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Pirataria - Modo digital de revolução fonográfica ou roubo mesmo...


A música digital avança de forma cada vez mais rápida para dentro dos lares brasileiros. A disseminação dos MP3 players made in Taiwan está fazendo com que pessoas que antes não entendiam lhuvas de computador, baixarem MP3 a torto e a direito e, mais comumente, comprar cds com discografias completas em mp3 na banquinha do camelô e levarem pras Lan-Houses para descarregar em seu aparelhinho maravilhoso. É claro que isso acarreta problemas, e o maior deles é a tão falada pirataria, o abuso dos direitos autorais, e em maior escala, a falência das grandes gravadoras. Mas há de se pensar sobre os efeitos que a geração pós-Ipod terá sobre o mundo musical e a forma de se fazer e principalmente vender música.

Um termo que sempre me incomodou como conceito geral, o de pirataria. Não pelos motivos convencionais, de achar que pirataria é roubo, como endossa Cora Ronai em seu artigo de segunda passada no Info Etc. do Globo, mas por deturpar justamente o termo antigamente tão usado para designar os chamados atualmente Bootlegs (ahh, os termos em inglês...). Comprar um disco pirata durante muito tempo foi sinônimo de ter em casa uma relíquia absoluta, um show que ninguém tinha, uma gravação demo feita em um home studio sujo do norte de Nova York. Eu mesmo, em meus idos tempos metaleiros, tinha um vinil pirata da apresentação do Metallica em São Paulo, no Phillips Monster of Rock. Isso era sinônimo de status.
Hoje em dia, qualquer cd do Exaltasamba ou do Frank Aguiar comprado em bancas pelo centro da cidade é considerado pirata, e não só cds, dvd´s e até programas são comercializados na “pirataria” que eu insisto em chamar de comércio informal. Comércio porque é comércio mesmo, e informal porque não é possível que não se dão conta que é um negócio tão lucrativo quanto o tráfico de drogas e que não acabará tão cedo pois, diferente do tráfico, não fere tanto na moral e nos bons costumes. Fere sim nos bolsos das grandes gravadoras e das mega empresas de softwares, que são as maiores interessadas em acabar com essa venda ainda ilegal.
Sobre isso há de se pensar duas coisas. Uma delas é até onde vai a força do comércio informal em detrimento das grandes corporações e suas jogadas de marketing? Com relação a tal Indústria Musical, existe sim uma demanda muito grande por cds originais, apesar de não parecer. É claro que a maior parte da população se esbalda nas feirinhas atrás de seus cds copiados (e coletâneas de mp3 também). Mas ainda sim as vendas de cds continuam sendo negócio. No caso dos softwares, as leis que estão coibindo a proliferação dos ditos piratas em empresas tem levado a um sem número de novas aquisições dos originais. Agora seja por medo do fisco, seja por paixão ao encarte e a qualidade sonora, é fato que o mercado de cds ainda não morreu. E não deve morrer, visto que há um gancho para novos negócios em um ramo ainda pouco explorado, a venda de música digital. A Indústria ainda ganha e ainda ganhará muito dinheiro.
A outra questão a ser colocada é a seguinte: como viver em um mundo onde arte e mercadoria se misturam? Li no Globo desta terça feira uma matéria sobre meia entrada na qual Ney Latorraca diz não pagar “meio condomínio” e nem “meio supermercado”. Até aí eu concordo que os artistas ganham por sua arte e merecem receber o justo. Agora o que me incomodou foi a colocação dele dizendo que teatro é um produto como qualquer outro que vende no Ponto Frio. Aí uma inversão de valores acontece. Creio que o que está sendo feito é redefinir o termo Arte de busca do Belo por Arte busca do mercado. Tratar a Arte como mercado é como legitimar seu comércio informal, (ou vocês esqueceram que a burguesia se formou justamente indo para fora dos feudos com banquinhas de camelôs?).
A coexistência dos mercados fonográfico legítimo e ilegítimo é um tanto inviável ultimamente. Porém não obstantes estão soluções para que se crie uma forma legal de se ganhar dinheiro com música digital, daquelas que toca no seu Ipod e no seu MP3 player. Não com ações proibitivas ao usuário da internet interessado no último lançamento de uma banda da Turquia, mas com adequação dos artistas de uma forma geral em algum programa de distribuição de arte mais igualitária, seja por incentivos governamentais, seja com o barateamento do custo final dos produtos.
É claro que eu queria ter todas as minhas MP3 (que eu baixei legalmente, pagando taxas para cada um dos downloads) em versões com discos, capas, encartes, e tudo que tem direito. Mas o que eu pago por isso tudo é o justo? Há alguma forma de se tornar isso justo? Justiça só do pirata. Na lei do ferro e do fogo. Que se faça arte e deixe a Indústria lutar por espaço. É a livre iniciativa. I´ts evolution Baby!.

sábado, 14 de abril de 2007

ESSE SIM UM RECOMEÇO... NÃO O TESTE.


E mais uma vez aqui, tentando recomeçar uma história que nunca terminou de verdade. Tentando resgatar uma pequena embarcação perdida dentro de mim. Não recordo bem há quanto tempo não escrevo, mas lembro detalhadamente de todas as minhas últimas frustradas tentativas de preencher esta folha sem linhas na tela de fósforo. E sim, foram várias tentativas... Essa inclusive, caso meu texto não chegue ao fim, como um daqueles bilhetes de informação confidencial ou testamento de espiões da CIA/KGB: “caso você esteja lendo isso, significa que algo aconteceu comigo.”
Não tão dramático como o último exemplo, esse é só um exercício de prática. Um daqueles testes que você faz antes de iniciar uma atividade. Um teste vocacional, por assim dizer. Juntando idéias que aparentemente não fazem sentido, em um tempo que não me é dado, numa vida da qual estou suprimido. Sim, estou remoendo minhas lamúrias e buscando paz em alguns segundos afastado do trabalho (afastado? Ou seria escondido...). Enfim, não importa. O puro e singelo ato de escrever já me basta para trazer satisfação plena para dois parágrafos além do que presumia resumir em malfadadas poucas linhas.
O motivo de tal espírito literato foi uma pequena matéria no jornal O Globo desta quinta feira. O Rio está novamente se tornando referencial cultural para o país. Sim, salas de teatro e cinema alternativos sendo abertas, casas de shows de pequeno, médio e grande porte inauguradas, artistas se reunindo para discussão de idéias, e está acontecendo, e eu estou assistindo a isso, ao que poderá vir a ser talvez quem sabe, nossa nova revolução cultural, a Bossa Nova dos nossos tempos, a Semana da Arte Contemporânea como a tempos, foi-se a moderna. Teatro, Cinema, Música, Artes Plásticas, Literatura fervilhando por esquinas, ruas, centros culturais, lonas culturais, espaços culturais, banquinhos de praça culturais. Tudo ultimamente, no Rio, cheira a cultura.
“Um tanto de idealismo”, alguns, como meu jovem amigo Ricardo Gameiro, diriam. Sim! Deixem-me romântico e idealista ao perceber o furor cultural da noite da Lapa, das tardes passadas entre Paço Imperial, CCBB, Museu da República e MAM, ou até mesmo das madrugadas perdidas em maratonas do Odeon ou em grandes espetáculos seja na Matriz, seja no Pão de Açúcar.
E como isso me motivou a escrever? Alem da necessidade, do gosto pelo peso do fardo, a minha distancia conceitual do fato cultural. Sinto-me tão isolado quanto vazio dessa magia renascentista, Sinto-me poluído com tanta violência, com tanto descaso, com tantos ônibus, passagens, tempo de serviço. Aqui, escondido, escrevendo no trabalho, a pergunta que me motivou a escrever ainda lateja na mente como uma pequena cigarra aguardando a hora da sinfonia: -- Como fazer parte se estou a parte?
De certa forma, esse espaço literato me mantém vivo culturalmente, e, por assim dizer, me torna parte de uma das coqueluches modernas da informação, o BLOG. Para tanto opinar, quanto informar, e acima de tudo, tentar de forma humilde, ter opinião nesse mar de opinião que é a internet e, porque não dizer, o Rio reformulado com tantas cenas independentes de tantas mídias culturais diferentes.
Bom, é isso. Parece que consegui chegar ao fim de algum escrito de forma um tanto aceitável para padrões pessoais. Daqui eu entro num trem em direção a algo que muitas vezes fiquei no meio, ou na porta. Pra quem teve paciência para ler, parabéns e obrigado. Espero estar bem mais presente que outrora. Espero fazer parte. Espero.
MAS EU POSSO ESTAR ERRADO.

sexta-feira, 13 de abril de 2007

esse é só um teste.. texto teste!

é isso msm. só um texte.. um testo texte,. que testa sua percepção
não busque nada
não tem nada aqui
saia da minha varanda, na minha casa de vidro

na verdade, depois de tantos anos
eu descobri que posso estar errado.

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