A música digital avança de forma cada vez mais rápida para dentro dos lares brasileiros. A disseminação dos MP3 players made in Taiwan está fazendo com que pessoas que antes não entendiam lhuvas de computador, baixarem MP3 a torto e a direito e, mais comumente, comprar cds com discografias completas em mp3 na banquinha do camelô e levarem pras Lan-Houses para descarregar em seu aparelhinho maravilhoso. É claro que isso acarreta problemas, e o maior deles é a tão falada pirataria, o abuso dos direitos autorais, e em maior escala, a falência das grandes gravadoras. Mas há de se pensar sobre os efeitos que a geração pós-Ipod terá sobre o mundo musical e a forma de se fazer e principalmente vender música.
Um termo que sempre me incomodou como conceito geral, o de pirataria. Não pelos motivos convencionais, de achar que pirataria é roubo, como endossa Cora Ronai em seu artigo de segunda passada no Info Etc. do Globo, mas por deturpar justamente o termo antigamente tão usado para designar os chamados atualmente Bootlegs (ahh, os termos em inglês...). Comprar um disco pirata durante muito tempo foi sinônimo de ter em casa uma relíquia absoluta, um show que ninguém tinha, uma gravação demo feita em um home studio sujo do norte de Nova York. Eu mesmo, em meus idos tempos metaleiros, tinha um vinil pirata da apresentação do Metallica em São Paulo, no Phillips Monster of Rock. Isso era sinônimo de status.
Hoje em dia, qualquer cd do Exaltasamba ou do Frank Aguiar comprado em bancas pelo centro da cidade é considerado pirata, e não só cds, dvd´s e até programas são comercializados na “pirataria” que eu insisto em chamar de comércio informal. Comércio porque é comércio mesmo, e informal porque não é possível que não se dão conta que é um negócio tão lucrativo quanto o tráfico de drogas e que não acabará tão cedo pois, diferente do tráfico, não fere tanto na moral e nos bons costumes. Fere sim nos bolsos das grandes gravadoras e das mega empresas de softwares, que são as maiores interessadas em acabar com essa venda ainda ilegal.
Sobre isso há de se pensar duas coisas. Uma delas é até onde vai a força do comércio informal em detrimento das grandes corporações e suas jogadas de marketing? Com relação a tal Indústria Musical, existe sim uma demanda muito grande por cds originais, apesar de não parecer. É claro que a maior parte da população se esbalda nas feirinhas atrás de seus cds copiados (e coletâneas de mp3 também). Mas ainda sim as vendas de cds continuam sendo negócio. No caso dos softwares, as leis que estão coibindo a proliferação dos ditos piratas em empresas tem levado a um sem número de novas aquisições dos originais. Agora seja por medo do fisco, seja por paixão ao encarte e a qualidade sonora, é fato que o mercado de cds ainda não morreu. E não deve morrer, visto que há um gancho para novos negócios em um ramo ainda pouco explorado, a venda de música digital. A Indústria ainda ganha e ainda ganhará muito dinheiro.
A outra questão a ser colocada é a seguinte: como viver em um mundo onde arte e mercadoria se misturam? Li no Globo desta terça feira uma matéria sobre meia entrada na qual Ney Latorraca diz não pagar “meio condomínio” e nem “meio supermercado”. Até aí eu concordo que os artistas ganham por sua arte e merecem receber o justo. Agora o que me incomodou foi a colocação dele dizendo que teatro é um produto como qualquer outro que vende no Ponto Frio. Aí uma inversão de valores acontece. Creio que o que está sendo feito é redefinir o termo Arte de busca do Belo por Arte busca do mercado. Tratar a Arte como mercado é como legitimar seu comércio informal, (ou vocês esqueceram que a burguesia se formou justamente indo para fora dos feudos com banquinhas de camelôs?).
A coexistência dos mercados fonográfico legítimo e ilegítimo é um tanto inviável ultimamente. Porém não obstantes estão soluções para que se crie uma forma legal de se ganhar dinheiro com música digital, daquelas que toca no seu Ipod e no seu MP3 player. Não com ações proibitivas ao usuário da internet interessado no último lançamento de uma banda da Turquia, mas com adequação dos artistas de uma forma geral em algum programa de distribuição de arte mais igualitária, seja por incentivos governamentais, seja com o barateamento do custo final dos produtos.
É claro que eu queria ter todas as minhas MP3 (que eu baixei legalmente, pagando taxas para cada um dos downloads) em versões com discos, capas, encartes, e tudo que tem direito. Mas o que eu pago por isso tudo é o justo? Há alguma forma de se tornar isso justo? Justiça só do pirata. Na lei do ferro e do fogo. Que se faça arte e deixe a Indústria lutar por espaço. É a livre iniciativa. I´ts evolution Baby!.
5 comentários:
Lhufas
Não conhecia esse seu passado metaleiro rs
enfim , tive vontade de deletar meu blog depois de ler seu texto.Não sei ainda se isso é bom ou ruim rs
bjs
Concordo com a Clarissa, passei aqui para conseguir o endereço do blog da mesma, ia recomeçar um próprio, acabei lendo os posts do Leandro e desistindo da idéia.. rs
Bjoos, primo!
O texto é bom, admito, mas cê tem que revisar antes de postar aqui, boneco, essas coisinhas tipo "lhuvas" encomodam um pouco.
Quanto ao mercado informal (faz-me rir), não se esqueça que os cds "piratas" não intoxicam as criancinhas com chumbo mas são vendidos na barraquinha ao lado.
p.s.: a Clarissa tá merecendo umas porradas, Lean. Toma uma providência de macho, pombas.
Tipo "encomodar": isso também "incomoda".
(mifu)
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